11. Ignorância, orgulho e preconceito

Preconceito é a coisa mais estúpida e idiota, porque discrimina as pessoas por coisas sobre as quais elas não têm controle. Ninguém escolhe sua genética, ninguém escolhe a cor da pele ou dos cabelos; você não escolhe sequer se terá ou não cabelos; você não escolhe sequer se irá nascer.

Você nasce sendo o que é, não há motivo para se orgulhar ou se envergonhar de ser quem é. E ninguém tem o direito de criticar outra pessoa por ter nascido assim ou assado. Isso é tão simples...

Mas como surgiu o preconceito racial no Ocidente, e como ele se entranhou tão fortemente na sociedade? 

Quando há fartura de recursos, os humanos são pacíficos, hospitaleiros e colaboram entre si. Esse pode ter sido um diferencial entre humanos e neardertais, talvez o responsável pelo nosso sucesso em relação a nossos primos:

As comunidades de humanos modernos sempre foram colaborativas e crescentes, rumo à civilização, enquanto as comunidades neandertais nunca passaram de pequenos grupos familiares; grupos pequenos têm menos chances de sobreviver em tempos difíceis, e o isolamento impede a troca de experiências e o aprendizado de novas técnicas. O filme Os Croods ilustra exatamente isso.

No entanto, também é característica dos humanos que, quando os recursos escasseiam, surja a discriminação, e os não pertencentes à comunidade deixem de ser bem vindos: são bocas a mais para alimentar. 

Há dez mil anos, o Saara e o Oriente Médio eram regiões muito férteis que possibilitaram um grande crescimento da população, mas depois o clima se tornou muito seco e os recursos escassearam. Quem não era da tribo deixou de ser bem-vindo.

Essa situação durou milênios. A etapa final dessa luta para a preservação e conquista de novos recursos está retratada no livro sagrado dos hebreus, e a adoção desse livro pelo Ocidente como livro sagrado universal teve um papel crucial para o bem e infelizmente também para o mal, justificando preconceitos raciais tribais dos hebreus contra seus vizinhos como sendo institucionalizados por Deus para toda a sociedade ocidental.

Para quem não conhece, essa é uma representação medieval da passagem bíblica de Caim e Abel. Ambos fizeram oferendas (sacrifícios) a Deus, que gostou mais dos carneirinhos fofinhos do Abel. Caim ficou iradíssimo e matou Abel. 

Diz o relato que Deus, que condenou todas as gerações da humanidade porque Adão e Eva roubaram e comeram uma goiaba, passou a mão na cabeça do assassino frio do próprio irmão, Caim.

Deus falou que ele tinha sido um mau menino e não o puniu, apenas colocou nele uma marca para que o coitadinho não fosse perseguido pelos outros homens (dúvida: que outros homens?).

Reparou no avermelhamento dos cabelos do Caim? 

Numa época em que os europeus não tinham contato com africanos, a interpretação da passagem bíblica era de que a marca colocada por Deus tinha sido a cabeleira vermelha. 

Sim, os ruivos eram e ainda são alvo de preconceito da parte dos europeus não ruivos. 

Mas ops, falei do amaldiçoado errado... confundi Cam com Caim. Mas tudo bem, Cam descende de Caim e tá todo mundo amaldiçoado desde o Adão, né não?

Cam era filho de Noé e ajudou a construir a arca. Aí Deus usou o dilúvio para aniquilar toda as formas de vida na Terra porque estava irritado com a humanidade, inclusive os bebês de colo. 

Catástrofe igual nunca se viu, uma mortandade assombrosa, manadas de gnus, zebras e pinguins se afogando, não sobrou um único ser vivo. Os únicos sobreviventes de toda essa desgraça planetária foram a família exemplar de Noé e os animais que estavam a bordo da arca. Uma cena de horror indescritível. 

Além dos bichos fofinhos, Noé também colocou na arca todos os casais de insetos, minhocas, lesmas, caracóis, aranhas, formigas, gafanhotos, lacraias, escorpiões, sanguessugas e demais bichos nojentos e dispensáveis que continuaram a infernizar a humanidade depois das águas. As baratas entraram por conta própria.

Nesse ponto a Bíblia comete uma grande injustiça ao não citar os construtores das outras arcas que salvaram os animais das terras americanas, australianas e de todas as ilhas dos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico — Tasmânia, Indonésia e Madagascar inclusas. Nem cita as arcas-frigoríficas árticas e antárticas, e as arcas-tanques que salvaram os peixes e crustáceos de água doce e de água salgada de morrer naquela água salobra que cobriu o mundo. 

Mas sucede que após o dilúvio, com toda a flora e a fauna terrestres mortas, e apesar de Noé não ter lembrado de levar consigo sementes de todas as plantas do planeta, a primeira coisa que o bom velhinho fez foi um churrasco sacrifício para Javé, extinguindo algumas espécies. Em seguida, plantou uma vinha e com as uvas fez um suco fermentado e tomou um pileque federal (não era para menos). 

Depois do porre bíblico, seu filho mais novo Cam deu de cara com alguma outra parte do pai dormindo despido pelado nu na tenda. Em vez de cobrir discretamente o velhinho, Cam foi bater para os irmãos mais velhos que o ancião estava exagerando na cangibrina e que eles tinham que tomar uma atitude.

Os irmãos foram lá andando de costas para não verem as vergonhas do mamadão e o cobriram sem falar nada. Quando Noé voltou a si, ele poderia ter dado risada do episódio, ter pedido desculpas, ou ter prometido tomar mais cuidado da próxima vez que enchesse a caveira. 

Mas em vez disso Noé — o melhor representante da raça humana, escolhido a dedo por Deus para repopular o planeta porque era bom e justo, alguém por quem valia a pena exterminar toda a vida na Terra, que era o protótipo da humanidade que Deus queria ver perambulando por aí — rogou uma praga em Canaã e todos os seus descendentes. 

Veja que Noé não amaldiçoou o Cam, que só falou a verdade, mas sim o coitado do Canaã, que era o filho do Cam. Os futuros descendentes ainda nem estavam em projeto, não tinham nada a ver com a estória, inocentes totais, e pagaram pelo mico e piti de proporções bíblicas do ancião. 

Poxa, seu Noé, não é maldição demais para tão pouca coisa? Daqui a pouco seu descendente Abraão vai fazer todo mundo mostrar o bingolim na hora de cortar um teco... Até a mulher do Moisés vai ter que olhar e segurar o bichinho porque não dá para cortar às cegas, né mesmo?

A circuncisão já era praticada no Egito há muito tempo.

Ou estariam certas as interpretações de que o Cam teria abusado do velhinho enquanto ele dormia? 

Mas aí ele só amaldiçoou o neto e descendentes, não fez nada com o perpetuador da patrifagia? 

E foi essa família perturbada que Deus escolheu como exemplo para repovoar o mundo?

É complicado...

Voltando ao Canaã:

Continuando a extinguir espécies e vivendo só de churrasco, já que toda a vegetação do planeta precisava nascer e crescer de novo, Canaã procriou com uma sobrinha (presumo eu) e teve filhos que procriaram sabe Deus com quem e povoaram toda a África e boa parte do Oriente Médio. Foi um esforço sobre-humano. 

Fico imaginando quem povoou a Europa, a China, a Índia, a América e a Austrália... 

Puxa, mas veja só que coincidência, o povo cananeu "descendente de Canaã" que foi condenado à escravização habitava justamente a "terra prometida", atual Israel e Palestina, terra na qual os hebreus queriam se instalar exterminando e escravizando seus ocupantes por "vontade de Deus". Isso que é unir o útil ao agradável.

Os hebreus aproveitaram que o povo era amaldiçoado por Noé com as bênçãos de Deus e dominaram todo mundo de lá, do mesmo modo como estão fazendo hoje com os filisteus/filistinos/palestinos. 

A História é irônica, não é?

Aí a estória do Canaã acabou sendo ainda mais distorcida de geração em geração e a ganância e a ignorância humanas resultaram no conveniente pretexto dos colonizadores europeus para fundamentar o preconceito racial, "justificando moralmente" a escravização dos povos africanos, asiáticos e aborígenes das Américas e Austrália.

E o que há alguns séculos era preconceito contra os ruivos se transformou no preconceito contra os habitantes das terras potencialmente fornecedoras de mão de obra escrava.

Alguns poucos sacerdotes até se opuseram pessoalmente à escravidão, mas não a Igreja. 

A escravatura só foi abolida quando não era mais interessante economicamente.

Olha só que conveniente: povos catequizados e conformados de que a escravidão havia sido determinada por Deus em pessoa não se rebelariam contra seus "senhores" do "povo escolhido", já que na vida presente estariam resgatando a dívida divina, e ainda sairiam no lucro com o paraíso garantido na vida eterna.

Contar com a mão-de-obra de escravos aculturados e conformados economizava capatazes. Para os europeus senhores de engenho e de plantations nas colônias do Novo Mundo, foi mamão com mel, e sem culpa no cartório. Senhores e escravos estavam fazendo apenas o que Deus reservara para eles. Muito conveniente para os fazendeiros.

Somada àquela história de que o povo hebreu teria sido escolhido pessoalmente por Deus por ser o suprassumo da humanidade (o pessoal de Gaza, Palestina e Cisjordânia tem bons argumentos para discordar), essa passagem bíblica foi usada para atestar a "inferioridade" dos povos da África, desde o início "amaldiçoados" e predestinados à escravização pelos europeus. 

Ué, por que os europeus? O que eles tinham a ver com o rolo dos hebreus e cananeus?

Os europeus adotaram o livro sagrado dos hebreus e se autoincluíram na lista do "povo eleito por Deus". Como o livro dizia que os povos africanos eram todos descendentes do coitado do Canaã...

Sim, a ignorância e o desconhecimento do mundo reinantes nas cavernas tiveram consequências trágicas e continuam sendo perpetuados por pessoas que interpretam livros velhos de milhares de anos como aplicáveis à sociedade atual. Isso perpetua injustiças e tem como desdobramento a intolerância e o preconceito. 

Mas os sacerdotes nunca abrirão mão dos lucros que obtêm ao "redimir" a culpa imputada aos "descendentes" de Adão, Caim e Canaã, mesmo que a Ciência prove, comprove e mostre claramente que a humanidade surgiu na África e lá aprendeu a fazer o fogo há centenas de milhares de anos. 

Os fósseis o provam sem sombra de dúvida, e para qualquer um que analise os fatos sem fanatismo ou ilusão deduz que essas estórias e alguns personagens do Velho Testamento não são reais, apenas mitos tribais de um povo que aprendeu cedo a escrever.

Os hebreus (religiosos) se apegam a esses mitos até hoje porque fazem parte da cultura deles e mantêm seu povo unido. A confusão começou quando Saulo/Paulo (São Paulo) tentou transformar a reforma do judaísmo proposta por um cidadão chamado Jesus de Nazaré no cumprimento das profecias bíblicas, dando continuidade ao judaísmo, agora universal. 

Em grego, katholikós significa concernente ao todo, universal. E christos, que você achava que era o sobrenome de Jesus, quer dizer Messias, o todo poderoso rei vingador de Israel que desceria das nuvens na forma de um carneiro de sete olhos e sete chifres junto com a cidade flutuante da Nova Jerusalém, conforme prometido pelos profetas em seus êxtases místicos.

Povos pastoris usando como símbolos pombos, carneiros,
árvores sagradas e entidades voadoras da mitologia suméria

No mundo todo, os mitos regionais foram eliminados a ferro e fogo e em seu lugar foram implantados os mitos dessa cultura e a história do povo hebreu numa universalização forçada imposta pelas cortes sacerdotais romanas.

São Bernardo foi defensor das últimas cruzadas contra os povos eslavos, que ainda praticavam cultos xamânicos do tempo das cavernas, Cernuno inclusive. Morreu muita gente para que a Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia se tornassem nações católicas. Muitos milhões morreram para que o Ocidente se tornasse cristão.

As tribos semicivilizadas da Europa ocidental adotaram essa mitologia dos hebreus por ser cativante, muito conveniente e adaptável com pequenas variações na hora de conquistar e dominar culturalmente povos ainda mais ignorantes do que eles.

Desconhecimento e ignorância sempre foram uma bênção para os sacerdotes de todas as religiões.

Ignorância, religião e intolerância são três irmãs que caminham de mãos dadas desde a origem da civilização.

Um abraço,

Jeff
PS: Não sou contra religiões; separando o joio do trigo, a fé pode ajudar as pessoas a sobreviver num mundo difícil de entender. Sou contra a exploração feita pelos vendilhões dos templos, portanto estou em boa companhia. Se os exemplos de moral verdadeiramente cristã (e não os mitos do Velho Testamento) fossem praticados de fato, este planeta seria bem mais harmonioso. 

Créditos das imagens / Para saber mais:
Croods: DreamWorks Animation
Arte rupestre saariana: http://www.egyptsearch.com/forums/ultimatebb.cgi?ubb=get_topic;f=8;t=007017
Noé: http://pt.wikipedia.org/wiki/Noé
Desenho da arca: http://numbnymph.blogspot.com.br/2010_06_01_archive.html
Noé e a arca: http://www.thebricktestament.com/genesis/god_drowns_everyone/01_gn06_12p11.html
Noé, Cam e Canaã: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cam
Circuncisão: http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_male_circumcision
Canaã e os hebreus: http://strangebananadailybluster.blogspot.com.br/2013/08/introduction-to-ancient-hebrews.html
Palestina: http://conexaoarabe.blogspot.com.br/2012/11/judeus-ou-palestinos-quem-pertence.html
Padre Claver: http://faculty.mercer.edu/davis_da/fys102/St_Peter_Claver.html
Cristianismo e colonialismo: http://en.wikipedia.org/wiki/Christianity_and_colonialism
Pastor e escravos: http://www.dailymail.co.uk/news/article-2549773/How-Benedict-Cumberbatchs-family-fortune-slavery-And-roles-films-like-12-Years-A-Slave-bid-atone-sins.html
Erros crassos: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/03/deputado-ve-podridao-em-gays-e-diz-que-africanos-sao-amaldicoados.html
Hebreus no Egito: http://en.wikipedia.org/wiki/Biblical_clothing
Cruzadas do Norte: http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/ultimos-pagaos-europa-740198.shtml
Carneiro de 7 olhos: Bíblia, Revelação, 5:6
                   http://en.wikipedia.org/wiki/Lamb_of_God
                   http://en.wikipedia.org/wiki/New_Jerusalem

10. Uma heroína albina

Eep é uma neandertal ruiva de olhos verdes. Mas existe alguma evidência de que havia neandertais ruivos?

Sim, existe. O genoma dos neandertais foi reconstituído e mostrou a incidência de genes associados a cabelos ruivos, então os cabelos vermelhos de Eep são uma possibilidade real. 

Mas como seriam os demais habitantes do planeta naquela época?

Bom, vou dar uma pista:

Todos os humanos vieram do continente africano, e a população típica daquelas terras tem a pele escura. Ter a pele em tons escuros é uma ótima proteção contra o sol dos trópicos, um protetor solar natural.

Recentemente foi reconstituído o genoma de um fóssil humano na Espanha, e ele tinha a pele escura, ao contrário dos europeus atuais.

Ora, se todos os humanos que saíram da África tinham muita melanina na pele, como surgiram o "homem branco" e os povos asiáticos? 

A explicação é simples: albinismo.

O albinismo é uma mutação genética muito comum na humanidade. 

Notícia que vai deixar os ignorantes racistas e nazistas de quatro: frequentemente nascem filhos loirinhos de olhos azuis entre os povos africanos.

Sim, é isso mesmo que você leu, caro vil preconceituoso contra os povos africanos e descendentes trazidos contra a vontade para a América por interesse dos escravizadores europeus e brasileiros: 

Toda a "raça branca" que se gaba de sua "superioridade" em relação aos outros povos descende de ancestrais "negros" albinos.

Associamos a imagem de pessoas de pele extremamente clara e cabelos muito ruivos aos povos do norte europeu. Justamente onde ocorre grande discriminação contra os povos afrodescendentes, indianos e todos os outros.

Mas esta família acima é um grupo de albinos nascidos no Paquistão. Os dois morenos da foto são os habitantes típicos da região, mas a mutação de um único gene fez com que toda a família se tornasse um grupo de europeus ocidentais.

A região do atual Irã é a terra de origem do povo ariano, que emigrou de lá para a Europa e atuais Paquistão e Índia.

Sim, aculturado e desconhecedor de História militante neonazista, a "raça pura ariana" era "negra" na origem, como todas as outras "raças" do planeta. Cave um buraco e se cubra de terra. 

Agora vamos aproveitar enquanto os racistas e nazistas estão batendo a cabeça contra a parede, se chicoteando e pulando de mãos dadas da ponte para entender como acontecem as mutações.

Toda vez que o código genético é replicado (reproduzido), pequenos erros de cópia acontecem. É por esse motivo que o código genético é enorme, muitas combinações de cromossomos repetidas quase que asseguram novos indivíduos dentro dos padrões.

Mas há ocasiões em que a replicação gera indivíduos muito diferentes, que são reconhecidos como mutantes. A verdade é que cada ser vivente é um mutante, mas as diferenças quase nunca são perceptíveis. Um fígado maior aqui, um rim menor ali...

Se a mutação for muito prejudicial ao ser, o ovo não vinga, o feto é abortado, o filhote nasce com deficiências motoras, cognitivas ou reprodutivas, e a tendência é que não chegue à vida adulta, então seus genes não são repassados à próxima geração.

Caso a mutação não comprometa seriamente suas faculdades e habilidades, ela poderá ser repassada a seus descendentes. E se trouxer alguma característica que represente uma vantagem competitiva, ela terá chance de ser reproduzida mais rápido e em maior quantidade, aumentando proporcionalmente o número de indivíduos naquele grupo ao longo de gerações e gerações.

Na África existe uma comunidade, os Vadoma, com grande frequência de ocorrência de ectrodactilia, uma deformação das extremidades que fez com que essa tribo ficasse conhecida como o povo-avestruz. 

Se essa mutação tivesse ocorrido há centenas de milhares de anos e tivesse trazido alguma vantagem, como maior rapidez ao caminhar e caçar em terrenos rochosos, os portadores teriam gerado proporcionalmente mais descendentes que os demais humanos e hoje teríamos uma comunidade de milhões, talvez bilhões de humanos seguindo um livro sagrado afirmando que seus ancestrais eram pássaros que vieram das estrelas e se acasalaram com mulheres da Terra. Pelo menos é o que os Vadoma acreditam.

Então, seleção natural é isso. 

Não existe um mecanismo que leve a um resultado melhor do que outro. Não existe um objetivo de chegar ao homem. Não existe um objetivo de chegar especificamente ao "homem branco" como se ele fosse o "ápice" da evolução.

O albinismo é muito comum entre os animais. 
O jacaré albino não é o ápice da Evolução, muito menos da Criação.

A Natureza trabalha com o acaso, com chances. Não existe um design projeto inteligente por trás da vida. As mutações aumentam as chances de sobrevivência diante de variações do ambiente. 

O único objetivo da vida é permanecer viva, é fazer com que um ovo gere outro ovo. 

Não importa se o meio mais eficiente for um dinossauro, uma galinha, um ornitorrinco, uma baleia ou um humano gerados dentro do útero. Não importa o bicho, a roda da vida precisa continuar girando, isso é o que vale. 

A única coisa que nos distingue dos outros animais é que temos a possibilidade de compreender isso (além de usar o fogo), ou pelo menos criar uma mitologia que tente explicar isso aos trancos e barrancos. 

Como funciona a evolução por meio da seleção natural?

Em todas as gerações de moscas uma pequena porcentagem nasce com asas atrofiadas. Isso afeta enormemente a capacidade de encontrar parceiros e se reproduzir. Agora imagine que um pequeno grupo de moscas seja levado pelo vento para uma ilha pequena, onde os ventos fortes predominam o tempo todo.

Moscas boas voadoras estarão em desvantagem porque serão arrastadas para o mar; já aquelas que não voam bem terão mais oportunidades de cruzar com outras moscas com as mesmas características. Em pouco tempo, você veria crescer nessa ilhota uma população de moscas andarilhas.

A cor "branca" da pele não significa que os "homens brancos" sejam mais evoluídos do que os "homens negros". Quer dizer apenas que uns têm a pele com mais melanina e outros com menos, e essa característica foi selecionada por mero acaso. A erupção do supervulcão Toba teve um papel importante ao reduzir a população e isolar pequenos grupos, onde a mutação albina logo se espalhou, falaremos disso adiante. 

Se amanhã houver uma catástrofe nuclear ou o impacto de um asteroide e a humanidade regredir a um estágio pré-industrial, e a atividade solar aumentar a ponto de causar câncer a taxas que comprometam a população, aqueles com melhor fator de proteção natural terão mais chances de sobreviver. 

Conforme Frank M. Snowden observa em seu livro Before Color Prejudice (antes do preconceito de cor), egípcios, gregos e romanos (pré-cristianismo) não colocavam um estigma especial em relação à cor da pele e não desenvolveram noções de hierarquia de raças onde as posições mais elevadas ou mais baixas na pirâmide social fossem baseadas na cor da pele.

As pessoas eram pessoas e isso bastava.

Então como o preconceito racial se arraigou tão profundamente na sociedade ocidental?

Esse assunto é longo e ficará para a semana que vem.

Um abraço,

Jeff

Créditos das imagens / Para saber mais:
Croods: DreamWorks Animation
Neandertais ruivos: http://www.sciencedaily.com/releases/2007/10/071025143311.htm
Europeu antigo: http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/afp/2014/01/26/pele-escura-olhos-azuis-dna-mostra-retrato-de-um-cacador-coletor-iberico.htm
África, terra de nossos ancestrais: http://realhistoryww.com/world_history/ancient/Dobruja_Thrace_1.htm
Gato mutante: http://www.dailymail.co.uk/news/article-2377085/Bull-dog-chimera-contrasting-color-coat.html
David Bowie/Kate Bosworth: http://cheezburger.com/4027892480
Arianos: http://pt.wikipedia.org/wiki/Arianos
Caucasianos: http://en.wikipedia.org/wiki/White_people
Jacaré albino: http://www.sirpierre.se/2013/01/dagens-strap-big-hornback-albino.html
Cigarra: Vida de Inseto, Walt Disney Pictures / Pixar Animation
Visão de mundo egípcia: http://en.wikipedia.org/wiki/Ancient_Egyptian_race_controversy
Vadoma: http://en.wikipedia.org/wiki/Vadoma
Frank M. Snowden: http://books.google.com.br/books/about/Before_Color_Prejudice.html?id=KWHMc-jNzlwC&redir_esc=y

9. A fuga da caverna

Eep nunca viu outra fonte de luz que não fosse o Sol ou a Lua. Quando algo assombroso quebra a rotina da caverna, uma fonte de luz que se move, ela tenta caçá-la como se fosse uma gata correndo atrás do pontinho luminoso de um laser.

Ao se arriscar a sair da proteção da caverna e enfrentar o desconhecido atrás da luz, Eep avista uma grande sombra e reage como se estivesse diante de um gigante ameaçador, incapaz de interpretar a realidade. 

Eep continua sua busca pela fonte da luz e começa a entender que as sombras que via não eram reais. Nesse instante ela inicia sua jornada para descobrir que as tradições de medo e terror que mantiveram os Croods vivos e "felizes" por gerações dentro da caverna não correspondiam à verdadeira realidade do mundo.

Esse roteiro de Os Croods não é nada original. Essa estória é antiga, muito antiga. Tem pelo menos 2.500 anos. Chama-se Alegoria da Caverna e foi escrita na antiga Grécia por Platão. 

Durante o primeiro e breve respiro de racionalidade desde que a humanidade saiu das cavernas e se civilizou, proporcionado pelos filósofos gregos, a essência das coisas do céu e da terra foi questionada, as explicações míticas da origem das tradições e privilégios dos reis e aristocratas foram postas em xeque com argumentos racionais. 

Uma representação de Sócrates e Platão

Pela primeira vez os xamãs/sacerdotes que pregavam a natureza divina do mundo foram contestados com argumentações racionais sobre a natureza física das coisas. 

Entre os filósofos, Sócrates era considerado o sábio dos sábios. Ele tinha por lemas “só sei que nada sei” e a antiga e tradicional em versão popular “conheça a você mesmo”; dava aulas e palestras gratuitamente em praça pública, o que irou aqueles que ganhavam dinheiro “educando” o povo.

Sócrates demonstrava por a + b e com pura argumentação lógica o quão inverossímeis eram os mitos da religião grega. Por isso a sociedade 'democrática' da época o condenou a optar entre o banimento ou o corte de sua língua para que deixasse de ensinar verdades inconvenientes. Caso se recusasse, seria condenado à morte.

As acusações contra ele: não acreditar nos costumes e nos deuses gregos (verdade), unir-se a deuses malignos que gostam de destruir as cidades (mentira) e corromper os jovens com suas ideias (bom, depende do ponto de vista). 

Ou seja, Sócrates foi condenado por heresia, subversão da religião oficial do Estado. Sócrates preferiu a morte por envenenamento a ser privado de poder ensinar. Ele só não foi queimado vivo porque os gregos pagãos não eram tão cruéis quanto os piedosos cristãos que viriam depois.

Raciocinando logicamente, os filósofos gregos conseguiram grandes feitos. Hipócrates estabeleceu a base da Medicina ao indicar causas físicas para as doenças, e não demônios ou a ira dos deuses; Demócrito dizia que a matéria era constituída de minúsculas porções indivisíveis a que chamou de átomos; Aristarco deduziu, contra todas as evidências, que a Terra girava ao redor do Sol, e não o contrário — 1.800 anos depois, a santa igreja quase condenou Galileu à fogueira por contestar o santo livro.

Enquanto para o resto do mundo a Terra era plana, e alguns achavam que se apoiava em elefantes de carona em uma tartaruga voadora, Eratóstenes calculou com boa precisão o diâmetro do planeta usando a Geometria.

Este é o astrônomo Carl Sagan mostrando como Eratóstenes chegou a essa medida com base na diferença das sombras de dois obeliscos, um sobre o trópico de Câncer e outro na cidade de Alexandria, no Egito. Alexandria foi um importante centro filosófico, voltaremos a falar dela.

Carl Sagan publicou vários livros, um deles virou uma telessérie, Cosmos. Está disponível na internet e em sebos de DVDs. É uma maravilhosa introdução à Ciência, ao raciocínio lógico e ao método científico. Cosmos conta a aventura humana desde os primórdios até a era espacial. Se encontrar, assista que vale muito a pena.

Disse Sagan: Para mim, é muito melhor compreender o universo como ele realmente é do que persistir no engano, por mais satisfatório e tranquilizador que possa parecer. — O Mundo Assombrado pelos Demônios, editora Companhia das Letras, p. 27.

É uma referência de Sagan à Alegoria da Caverna, tema desta postagem.

Platão era discípulo e herdeiro filosófico de Sócrates, e o que sabemos da vida de seu mestre chegou a nós por seus escritos. Platão também narrou o mito do continente perdido de Atlântida e criou essa alegoria inspiradora de Os Croods.

Na Alegoria da Caverna, prisioneiros acorrentados desde o nascimento em uma caverna escura estão impedidos de se mover, não podem olhar para os lados ou para trás. Tudo que eles conhecem do mundo são as sombras que eles veem projetadas na parede à frente. 

Essas sombras são de objetos transportados por pessoas que passam entre uma fonte de luz e um muro alto que impede que os prisioneiros vejam as sombras dos portadores dos objetos.

Para os prisioneiros, as sombras são seres vivos reais. As diversas sombras que se movem são entendidas como coisas reais, e não como as projeções que realmente são. Não há possibilidade de outra forma de entendimento.

Antigamente os prisioneiros eram acorrentados em cavernas, hoje construímos nossas próprias cavernas e nos acorrentamos por vontade própria.

O fato é que um dia um dos prisioneiros consegue se libertar e sair da caverna.

No início, a luz do sol não permite que ele veja a realidade, mas conforme seus olhos vão se acostumando à claridade, ele percebe que existe luz e sombra, e as formas que ele via caminhando na parede eram apenas as sombras dos objetos transportados, e não seres reais.

E quanto mais ele explora esse mundo novo, maior seu entendimento da verdadeira natureza das coisas. Quando ele retorna à caverna e fala das maravilhas que viu, dessa nova realidade, é hostilizado pelos prisioneiros, que não conseguem imaginar tal possibilidade e se recusam a deixar a caverna, contentando-se com sua vida limitada e satisfatória das necessidades básicas.

Resumindo, a caverna seria o âmbito sensível, aquele onde imperam as sensações e não o raciocínio lógico; ao se afastar da caverna e rumar em direção à luz (como Eep) entramos no âmbito inteligível, que nos permite entender a real natureza das coisas. 

Na figura acima, o item 2 era identificado originalmente como a religião, mas eu preferi chamar de falso saber porque não é necessário ser religioso para estar iludindo o povo, os políticos o fazem com maestria. 

Os iludidos eram chamados de crentes, mas isso poderia dar confusão porque, por definição, crente é aquele que crê (seja no que for), mas no Brasil essa palavra está fortemente associada aos protestantes, e não é o caso aqui. 

Da mesma forma, os não iludidos são chamados originalmente de ateus, mas mesmo quem não crê no conceito de Deus vendido pelas religiões pode acreditar em alguma forma de poder superior incompreensível para nós, embora de modo algum feito à nossa imagem, então optei por usar não iludidos.

Então, essa é simplificadamente a Alegoria da Caverna, base para o roteiro do filme Os Croods e também para uma infinidade de outros que você provavelmente já assistiu.

No episódio Homeward, de Jornada nas Estrelas Star Trek Generations, um povo de cultura equivalente ao nosso estágio medieval, cujo planeta está morrendo, é transportado sem que eles saibam para outro mundo habitável em uma simulação de caverna no holodeck da Enterprise para que não descubram que a realidade é bem mais complexa do que o seu entendimento limitado do mundo e do Universo. Mas Murphy chegou antes audaciosamente indo onde nenhum homem jamais esteve.

E não dá para falar de realidade virtual sem falar do filme mais conhecido sobre vivermos em uma realidade virtual onde nada é o que parece ser, o inesquecível O Vingador do Futuro Blade Runner aquele com o carinha que não é o Johnny Depp.

A Alegoria da Caverna é citada sem culpa nem pagamento de direitos autorais à família do Platão, mesmo porque ele não teve filhos. Culpa do amor platônico.

Há um filme pouco conhecido, O Décimo Terceiro Andar, onde a realidade virtual de um jogo de simulação se confunde com a real virtualidade do mundo em que vivemos. 

Falando nisso, há uma teoria de que somos apenas personagens de um Sims celestial. Envolve alguns conceitos de Física Quântica e preservação da informação além do horizonte de eventos... coisa difícil de entender. E o pior é que... ninguém sabe o roteiro. 

É curioso como alguns conceitos de Física avançada exigem cada vez mais um entendimento que se aproxima da fé em algo transubstancial do que no conhecimento dos limites físicos da matéria.

Nesse aspecto, fica complicado o limite entre o que é Ciência e o que é Religião, tema abordado por Carl Sagan em seu livro e também filme Contato. 

Charada: Você consegue dizer qual a relação entre as próximas três imagens? Resposta no final da postagem.

Disse Sagan: "A ideia de que Deus é um gigante barbudo de pele branca sentado no céu e que se preocupa com [coisas insignificantes como] a contagem de mortes de cada pardal é ridícula. Mas se pelo conceito de Deus você se referir ao conjunto de leis da Física que regem o Universo, então claramente tal Deus existe. Esse Deus é emocionalmente frustrante... afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravidade.”

Essa imagem de um Deus único e onipotente espionando cada ato obscuro de cada adolescente cheio de espinhas na intimidade de seu lar se espalhou pelo mundo por obra do expansionismo do Império Romano, que trouxe de suas fronteiras recém-conquistadas uma nova religião baseada em um caldo de antigas tradições locais velhas de milhares de anos.

Essa religião se popularizou e foi absorvida pela elite romana, que a fundiu ao caldo de culturas locais da religião então praticada em Roma, já desvirtuada por elementos do mitraísmo e outros cultos importados da Ásia e da Grécia, inclusive ideias platônicas. 

É por conta desse amálgama todo que nós comemoramos o nascimento de Cristo, cuja data não é mencionada em lugar algum, em 25 de dezembro, dia do Natalis Solis Invicti, o renascimento do Sol invicto no solstício de inverno europeu. 

Essa celebração da volta dos dias cada vez mais longos, marcando o início do fim do inverno, era a maior festa do mitraísmo, religião da elite romana no primeiro século depois de Cristo, e que era celebrada pelo Pontifex Solis Invicti com sua mitra, mitra que é usada até hoje pelo sumo pontífice da igreja.

Roma importou influências de todas as regiões com que teve contato, e ela teve contato até com a China, de onde importava seda. Se os budistas da Índia tivessem tido êxito no esforço de propaganda de sua religião mostrando Buda em trajes greco-romanos, nossa sociedade ocidental hoje poderia ser muito diferente. 

Do Buda greco-romano aproveitou-se a representação das auréolas dos santos católicos.

Essa misturança toda acabou por se tornar a religião oficial do Estado romano e das tribos bárbaras semicivilizadas europeias que mesmo após a desintegração do Império, continuaram sob o jugo romano, agora na forma de cortes sacerdotais centralizadas em Roma e na Roma do Oriente, Constantinopla.

Essas cortes clericais governaram o mundo ocidental por mais de mil anos baseadas em seus dogmas incontestáveis, mantendo a Europa e suas colônias aprisionadas na caverna de uma ilusão conveniente para os reis, imperadores e, principalmente, os próprios sacerdotes. 

O auge de seu poder foi a conquista e colonização da América, e aqui estamos nós pintando e bordando no Carnaval, a maior festa popular pré-mitraísmo de Roma, antes que o relógio marque quarenta dias para a ressurreição do Cristo nascido Sol Invicto durante a Páscoa dos hebreus. 

Detalhe do quadro A Luta Entre o Carnaval e a Quaresma, de Peter Brueghel

É uma confusão das grandes... Não é à toa que tanta gente fique doida maluquinha tentando achar um sentido único e sem contradições para algo que nasceu de múltiplas fontes e tradições não aparentadas. 

O nó na cabeça acontece quando se amarra esse caldo de culturas em um único livro e tenta-se convencer o povo de que essa é a própria palavra de Deus em Pessoa. Não há sentido em pregar o amor ao próximo de um lado, e do outro tentar convencer que exterminar povos e nações seja parte de um projeto divino.

Carl Sagan afirmou [o texto entre colchetes é meu]: 

"Minha visão de longa data sobre o cristianismo é que ele representa um amálgama de duas partes aparentemente imiscíveis: a religião de Jesus [a reforma moral do judaísmo de Moisés] e a religião de Paulo [Cristo como Deus encarnado / Messias aguardado pelo judaísmo]. Thomas Jefferson tentou extirpar as partes paulinas do Novo Testamento. Não sobrou muita coisa quando ele concluiu, mas era um documento inspirador."

É isso, simples assim. Como resultado, hoje temos uma sociedade que se polariza entre o fanatismo acrítico e o materialismo desenfreado, nenhum dos lados com o conhecimento básico da natureza da humanidade e da história do mundo.

Segundo Sagan, se em vez do obscurantismo medieval, o espírito científico dos gregos tivesse vingado, o homem estaria começando a colonizar outros planetas mais ou menos na época em que os europeus estavam descobrindo a América.

Perdemos um tempo enorme. 

Resposta da charada: 
Se você ainda não matou a charada das duas imagens de Deus e da Judeia romanizada, elas foram tiradas dos filmes O Sentido da Vida, Em Busca do Cálice Sagrado e A Vida de Brian, todos do grupo de humor britânico Monty Python.

Por que eu escolhi o Monty Python para essas ilustrações? 

Porque, assim como Os Croods, seus filmes também são uma forma divertida de fugirmos da caverna e vermos pelo lado de fora a realidade ridícula que nos é impingida por uma sociedade que desconhece sua própria História. 

Outro bom motivo: 

O Cavaleiro Negro na imagem acima é John Cleese, autor de vários esquetes dos filmes do Monty Python, e também autor da estória do filme Os Croods:

É realmente um mundo muito pequeno este nosso "que está evoluindo e girando em um braço espiral externo da galáxia que chamamos de Via Láctea."

Um abraço,

Jeff

PS: Eu havia acabado a revisão da postagem no mesmo dia em que descobri que minha tão querida série Cosmos foi atualizada, totalmente refeita com novos efeitos especiais (os antigos já eram incríveis) e inclui as novas descobertas científicas dos últimos 30 anos. Quem realizou foi a viúva de Carl Sagan e Neil Degrasse Tyson, herdeiro e discípulo filosófico de Sagan. A referência a Sócrates e Platão não é gratuita. Há um comentário emocionante do Cardoso no blog meiobit.com, o atalho para ele é este aqui. Pelo entusiasmo do Cardoso, esta nova versão de Cosmos ficará na memória desta geração da mesma maneira que a anterior ficou na minha lembrança. Uma ótima notícia!

Créditos das imagens / Para saber mais:
Croods: Dreamworks Animation 
Alegoria da Caverna: http://criticalthinking-mc205.wikispaces.com/Plato+%26+Socrates

Sócrates e Platão: http://criticalthinking-mc205.wikispaces.com/Plato+%26+Socrates

Steve Jobs: http://super.abril.com.br/blogs/superblog/frase-da-semana-trocaria-toda-a-minha-tecnologia-por-uma-tarde-com-socrates-steve-jobs/
Sócrates: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sócrates
Platão: http://pt.wikipedia.org/wiki/Platão
Carl Sagan: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_sagan
                  http://camel76.wordpress.com/tag/carl-sagan/

                  http://pt.wikiquote.org/wiki/Carl_Sagan

                  http://atheism.about.com/library/quotes/bl_q_CSagan.htm

Atlântida: http://pt.wikipedia.org/wiki/Atlântida
Caverna simples: http://philosophyzer.wordpress.com/2012/09/21/the-allegory-of-the-cave-by-plato-summary-and-meaning/

Caverna moderna: http://noahfiebelkornvocabulary.blogspot.com.br/2013/03/p-latos-al-legory-of-cave-is-allegory.html

Crentes e ateus: http://lexicosdaalma.blogspot.com.br/
Star Trek Generations: http://www.startrek.com/database_article/homeward

13º andar: http://www.imdb.com/title/tt0139809/

Teoria holográfica: http://sci-ence.org/smoke-and-mirrors%E2%80%A6-and-caves-and-computers/

Jesus mítico: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito_de_Jesus

Mitraísmo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mitraísmo

Buda: http://en.wikipedia.org/wiki/History_of_Buddhism

Em Busca do Cálice Sagrado: http://pt.wikipedia.org/wiki/Monty_Python_and_the_Holy_Grail 

A Vida de Brian: http://pt.wikipedia.org/wiki/Life_of_Brian
O Sentido da Vida: http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Meaning_of_Life_(filme)
Carnaval: http://en.wikipedia.org/wiki/Carnival
Quaresma: http://pt.wikipedia.org/wiki/Quaresma
Imagem e colecionáveis de Monty Python: http://www.medievalcollectibles.com/c-930-monty-python-and-the-holy-grail.aspx
Canção da Galáxia: O Sentido da Vida, http://www.lyricsdepot.com/monty-python/galaxy-song.html
Cosmos nova edição: http://meiobit.com/281323/cosmos-a-spacetime-odyssey-review-com-neil-degrasse-tyson/